quarta-feira, 20 de maio de 2009

O meu Pai

Escrevo há quatro anos em blogues. Nunca escrevi sobre o meu Pai. Escrevi sempre para ele. Porque se escrevo, leio, critico, a ele o devo. Quando um dia lhe pedi uma televisão para o quarto, ele ofereceu-me uma colecção de livros do Pequenu. Numa caixa frágil de cartão, vinham todos aqueles livros, que, ainda novos, já pareciam bafientos. Com estórias simples, de aventuras, aqueles livros mudaram-me a vida. E eu nem sequer fazia ideia disso. Era o meu pai a mostrar-me o caminho, para ser diferente, para aprender que o mundo também tinha estórias bonitas, de final feliz. Que a vida seria sempre feita de riscos, que perante os problemas devemos ser persistentes e criativos. Que o trabalho dá sentido à vida.
Hoje sou diferente dele. Sou um liberal e ele é conservador. Sou citadino e ele é do campo. Gosto de cinema e ele de agricultura. Lutei sempre para lhe agradar, para ser como ele, mas agora percebo que já lhe agrado. Não me limito a ver as coisas como elas parecem. Informo-me, questiono, e a partir daí entendo. Tudo porque um dia ele me trocou uma televisão por um livro. Obrigado Pai. Mesmo que não te orgulhes muito muito do teu filho, podes sempre saber que ele se orgulha muito de ti.

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