sexta-feira, 10 de abril de 2009

Quem não se sente...

Quem me conhece sabe que não gosto do nosso primeiro. Cheguei a admirar-lhe um certo ímpeto reformista, talvez me tenha deixado levar pela propaganda. Perdi a mesma admiração quando percebi que não passava mesmo disso, propaganda. Quando entendi que o país era dirigido por um conjunto obscuro de assessores eleitorais, a quem nada interessa para além da estética do regime. Criar a imagem de um durão teimoso, tão querida por uma boa parte deste nosso Portugal. Criar aquela sensação de "nós ou o caos", queimando todo o debate.
Quem me conhece sabe que não sou fã inconfesso do que se escreve em Portugal, quer seja da literatura ou do jornalismo.
Mas quem me conhece sabe também que se há coisa que gosto é da crítica, da maldicência. Perdoem-me, mas acho que é um dos traços principais da nossa identidade. Percorra-se a nossa literatura e confirme-se. E por isso me faça tanta confusão que no meio de uma recessão, de um aumento exponencial do desemprego, da degradação das condições de vida, no fundo do empobrecimento do país, da europa e do mundo, o nosso primeiro se entretenha a processar jornalistas a torto e a direito. Sobretudo quando estão em causa opiniões, não invenções de factos. E estranho é perceber como os tão expeditos assessores não se apercebem que nada contribui mais para o clima de suspeição do que o reagir à maldicência e às críticas com queixas crime. É que se quem não se sente não é filho de boa gente, do que se sente o nosso primeiro? Da falta de cultura democrática?

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